quinta-feira, 13 de março de 2008

Sofreguidão

Desenganada, correu até a casa da tia, chorava demais, ai, já chega de sofrer de amor, meu bom Pai! Estava decidida a romper laços enquanto corria secando seu pranto, olha lá, que mulher balofa, e prosseguiu seu percurso até a porta da casa - era o fim da submissão.

- Titia, benzinho.

Desde sempre, era assim que chamava por sua tia. Pensou que a vida seria outra se seu benzinho fosse, de fato, a tia, que jamais lhe importunaria, mas logo esqueceu da idéia - quando tinha transado com Jordana sentiu um arrepio intenso que não era de prazer. Bateu na porta e repetiu.

- Benzinho, é sua pretinha.

Sentiu que, uma pessoa de fora, assim, veria a situação de maneira esquisita e pouco tradicional. O apelo por titia soava amoroso, como se amantes já fossem há muitos anos. Talvez com outra mulher fosse melhor, Jordana portava penugem densa, para ela, até mesmo os homens não precisavam de pentelhos. É, pensava, quem sabe titia não transe legal e a porta se abriu, repentinamente.

- Pretinha, que saudades. Acabo de preparar um chá gostoso.
- Pena que não tomo chá.

E gargalhou.

- É, eu mijo de pé - replicou a velha.

O ambiente ficou descontraído e ela contou todos os detalhes sobre o abandono. Não era mais possível viver com um homem como Rudinei, viril até demais em época de galãs sensíveis. Recém tinha descoberto que se tratava de um cafajeste. Após detalhamento, revelou à tia que o que estou precisando mesmo é de um homem bem fofinho.

- Gordos, minha filha?
- Fofo-cute, titia. Não sou buraco em campo de golfe.
- Ah, bem, então entendo.

Conversaram sobre tudo. Rudinei era passado e ela observava titia molhando o biscoito na xícara de chá. Tentou entrar em assuntos íntimos do passado, mas logo a tia mudou de assunto.

- As pamonhas estão uma delícia, atualmente.

Ela já sentia-se mal, imaginou titia transando com o vendedor de pamonhas, preciso sair daqui. Levantou-se, supetão, e, saracoteando o corpo buliçoso, urrou.

- Êta, fogo danado!

E saiu porta afora, a tia boquiaberta.

Fogosa estava, atacar titia não era politicamente correto. Correu até um banheiro público, entrou no homenzinho e, Virgem Santa, quanto pinto! Recostou-se no mictório e chupou dezenas deles. Sentiu-se, em certo momento, satisfeita, lavando-se no banheiro com a mulherzinha na porta.

Voltou para casa em passos lentos, parecia que Rudinei era seu destino.

- Querido, estou de volta.

O homem sorri, completo, segura a cabeça dela e, empurrando-a para baixo, sussura:

- Então chupa aqui.

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