sábado, 31 de maio de 2008

Inverno

A temperatura caía. Ao acordar, sentia a água no rosto e nas mãos, todo o sabão que nunca acabava. Uma certa dor muito específica da época do ano, o inverno. Parece que naquela temporada seriam dias de frio extremo.

Enquanto caminhava pela calçada, admirava-se: uma certa limitação nos movimentos e pessoas dormiam pelas ruas. Não seria forte o bastante para agüentar, não era muito forte. Decidiu fazer as compras rapidamente. No supermercado a temperatura era agradável e estranhamente a sensação era a mesma.

Quando abriu a porta de casa e dirigiu-se até a cozinha, fez esforço para deixar as sacolas ocuparem a mesa. Os dedos não pareciam se mover. Sentiu dor ao se desfazer delas. Foi até o banheiro, a estufa. Trancou a porta, ficou do lado de fora. Entrou, dez minutos depois. Duas horas e trinta minutos debaixo do chuveiro, a água quente, nem gota sequer que fosse gelada.

Secou-se. Não era perceptível qualquer melhora, o nariz escorria mas sequer deu-se conta.

Estava deitado no sofá da sala. Colocou a estufa ao lado do rosto. Suava muito. Aos poucos, percebeu estar perdendo os movimentos. O pé, as pernas. O braço. O outro braço. O pescoço. O cachorro se aproximou nesse momento, o braço estirado, os seus pêlos o surpreenderam ao entrar em contato com a mão. Restava o movimentos dos dedos; acaricou o cão enquanto pôde.

Até que congelou. E o cãozinho tentou desfazer a situação, lambendo-os com vontade,
mas o esforço foi em vão. Parece que não havia calor que fosse suficiente.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Impossibilidade

Aí eu me espreguicei... Relaxei. E sorri.

Hoje em dia a gente não sorri mais, ela bradou. Arregacei a boca e mostrei os dentes.

E agora?