terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Ofício

Quando pediu que ficasse, ficou. O suor escorria pelo rosto, corpo, até chegar aos pés. Ficando, não havia maiores opções para ocupar-se. Talvez lavar a louça, tirar o pó, passar cera nos móveis. Também poderia lavar o chão, encardido, branco havia sido uma escolha equivocada, percebia agora.

Ficando podia pensar. Talvez preparar um bolo, um pão. Deixar a mesa pronta, servida, para que todos sejam surpreendidos e, embora reajam como se aquilo fosse natural, ao menos estaria ocupando a tarde. Bolinhos de chuva, só lembrava deles em temporais. Lavar as janelas poderia ser a melhor opção, estavam há anos intocadas.

Decidiu escrever. Bem ou mal, era sua profissão. Produziu a tarde toda. O resultado, a princípio, lhe pareceu bom, embora futuramente tal impressão pudesse ser desfeita, durante a releitura. Terminou quando se deu por satisfeito.

Com a noite, sua família chegou em casa e percebeu que a louça estava na pia, o chão estava sujo, os móveis cheios de pó e não havia comida nos armários, geladeira ou mesmo sobre a mesa da sala, que sequer havia sido preparada para o jantar.

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